Na passada semana fui confrontada com a notícia de que dois conservadores-restauradores que prestavam serviços a dois museus nacionais não tinham visto os seus contratos renovados, ao fim de +/- 10 anos de ligação ao museus, deixando estas entidades sem apoio técnico essencial para a correcta conservação das suas colecções e para as decisões do dia-a-dia relacionadas com esta área técnica.
Poderão argumentar que existem no país conservadores-restauradores, "funcionários públicos" (agora já não é esta a denominação correcta), com competências técnicas para dar apoio a esses museus, sendo este argumento verdadeiro. Mas, como se sabe, estes são cada vez mais em menor número e apesar de tentarem dar apoio aos diversos organismos oficiais fica sempre algo por fazer devido à enormidade da tarefa em mãos.
O que está em causa, independentemente da situação humana, social e financeira destas pessoas, é que se perde conhecimento. Os museus e estes técnicos têm uma ligação de uma década ou mais que lhes permitiu desenvolver capital especializado que se perde agora e que levará tanto ou mais tempo a recuperar, se chegar a ser recuperado.
Mas, infelizmente, o que se passa no mundo da conservação não é mais do que o reflexo do que se passa no mundo dos museus e de outros organismos culturais! Todos percebemos a grave situação financeira em que vivemos, todos sabemos que devemos dar o nosso contributo para melhorar o "estado da nação" (perdoem-me o cliché) mas um país que não promove a sua cultura, que não defende a educação como pedra basilar, que não tem mecanismos para protecção e desenvolvimento das suas crianças e que não acarinha a sua população idosa, tem muito que reflectir e que investir no seu capital humano para atingir o verdadeiro estado de "país desenvolvido".
Até breve,
A Marmita
A notícia que gerou este comentário: http://www.publico.pt/Cultura/museus-nacionais-perdem-tecnicos-de-conservacao-1513132
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